terça-feira, 9 de novembro de 2010

Dialética da Vida

Dialética da Vida



Hoje, me deparei com dois fatos que em sua essência se contrapõem e contradizem, os quais me levaram a refletir sobre a dialética da vida. Saio do trabalho e dirijo-me ao hospital para visitar uma prima por afinidade. Caminho por corredores labirínticos espreitando os cantos como a temer surgir um minotauro. Finalmente, chego à porta da UTI, toco a campainha e aguardo.
Alguns instantes depois a enfermeira surge na porta; identifico-me e peço-lhe informações sobre a paciente internada no leito-4. Ela nada sabe informar; explica que está na hora da troca de plantões. Insisto, perguntando-lhe se me seria possível vê-la por um instante. Com os lábios ela diz ser impossível exceto no horário de visita, porém, ao compasso de suas palavras afasta o corpo da abertura da porta franqueando-me uma visão panorâmica do salão da UTI.
Conto os leitos: 1, 2, 3 e 4. Identifico a posição geográfica da paciente pela qual busco notícias. De onde me encontrava só vislumbro a guarda à jusante do leito, mesmo assim dirijo-lhe o melhor de minhas energias. Ela jazia ali, bem como os outros também, resignadamente. Penso: oh! Meu Deus, ela é ainda tão nova, não tem 60 anos, possui filhos que ainda não estão de todo encaminhados na vida e que precisam dela, porque esse fim prematuro?... É o inverno!
Olho o relógio, já é tarde. Respiro fundo e refaço o caminho de volta sem os sobressaltos da vinda, o minotauro ficara trancado no salão inexpugnável da UTI.
Dirijo-me apressadamente para o carro; procuro uma moeda para dar ao garoto “flanelinha” em agradecimento (?) e sigo às pressas para a cerimônia de certificação do Conselho Profissional de meu filho. É o dia de ele ser credenciado como profissional liberal, habilitação imprescindível ao exercício da Fisioterapia. A vida está começando para ele e seus colegas. Virão agora concursos, empregos (alguns subempregos), consultórios, casamentos, filhos, ciclos sociais... É a primavera!
Fico pensando: tristeza e alegria; enfermidade e saúde; fim e começo!... Se Deus (ou a Natureza ou a Energia Cósmica ou-ou como se queira chamar) é perfeito; é criador de tudo o que seja e o que há; tudo sabe e tudo é... Porque a vida é tão imperfeita? Tão doída? Tão frustrante em sua finitude?...
Se a dialética é ciência e na ciência racionalismo e empirismo se contrapõem, porque não encontro respostas cognoscíveis, nem em um nem em outro, que satisfaçam a minha razão ou a minha emoção? Por quê? 
Eu até poderia aceitar muitas “verdades” que se dizem, mas antes eu preciso entender o porquê?

Ana Martins

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